terça-feira, 27 de julho de 2010

O Globo

Eletrobras quer entrar no mercado de energia nos EUA
RIO DE JANEIRO, 26 de julho (Reuters) - O diretor da área internacional da Eletrobras, Sinval Gama, informou nesta segunda-feira que a empresa está avaliando a compra de participações minoritárias em empresas de transmissão ou geração de energia nos Estados Unidos.

Segundo o diretor, a Eletrobras avalia 11 oportunidades no mercado norte-americano. Ele, entretanto não citou nomes.

"Nós estamos querendo comprar empreendimentos prontos, nós sabemos que nos Estados Unidos vai ter uma expansão significativa e a gente quer maturar, queremos comprar uma pequena participação numa empresa de geração e numa empresa de transmissão para conhecer o mercado", disse Gama antes de palestra em evento do setor promovido pela Coppe/UFRJ, que auxilia a estatal nos estudos internacionais.

Ele explicou que o interesse da Eletrobras é de adquirir cerca de 5 por cento em uma empresa de geração, hidrelétrica ou eólica, e outra de transmissão. A aquisição poderia ser feita ainda este ano, segundo Gama.

"Posso comprar esse ano (participação nos EUA), mas não temos interesse em fazer aquisição significativa. Nos Estados Unidos você tem essa possibilidade de com 50, 60 milhões de dólares entrar numa empresa, é bem disperso o capital", afirmou.

Para a analista do setor de energia elétrica da SLW Corretora, Rosângela Ribeiro, a possibilidade da entrada da Eletrobras nos Estados Unidos é positiva.

"O mercado norte-americano é importante, principalmente o de transmissão de energia. Além disso, uma participação maior (nos Estados Unidos) torna a empresa mais evidente", diz a analista, lembrando que a Eletrobras negocia ADRs na Bolsa de Nova York.

Além disso, a analista afirma que a estatal é capaz de conciliar os problemas internos que tem enfrentado, como vencimento de contratos, altos custos e o fim das concessões em 2015.

"A companhia tem muitos problemas aqui mas está tentando resolver. Apesar dos problemas ela tem grande conhecimento em transmissão e geração. Entrar nos Estados Unidos é uma grande conquista, mas já esperada."

30 MIL MW EM ANÁLISE

Gama informou que a estatal avalia no momento 30 mil megawatts em projetos no mundo, mas que nem todos irão obrigatoriamente se traduzir em obras.

Para 2011 a previsão é que a empresa inicie obras na Argentina, Peru e Nicarágua, que podem adicionar 6 mil megawatts em geração nos próximos anos. Seriam os primeiros megawatts gerados pela Eletrobras fora do Brasil, com exceção da usina binacional de Itaipu.

A empresa recebeu em 2008 permissão do Congresso Nacional para expandir seus investimentos para fora do Brasil. Em 2020, segundo o seu plano estratégico, a Eletrobras deverá ter 10 por cento de sua receita vinda do exterior.

O primeiro projeto a sair do papel será uma linha de transmissão de 500 quilômetros na fronteira com o Uruguai, país onde Gama também estuda uma hidrelétrica. A linha, avaliada em 200 milhões de dólares, já está em construção e a Eletrobras pagará pela parte brasileira, que corresponde a um terço do projeto ou cerca de 60 milhões de dólares.

Para 2011 a expectativa é de que sejam iniciadas as obras de uma hidrelétrica na Argentina, com capacidade para gerar 2 mil megawatts e investimento dividido meio a meio com o país vizinho.

Para o ano que vem também está prevista a primeira de cinco hidrelétricas que serão construídas no Peru, somando 7 mil megawatts, sendo parte destinada ao Brasil. A estatal programava sete usinas, mas duas já foram descartadas.

"As primeiras duas usinas que estudamos no Peru não se mostraram viáveis, uma era em cima de um sítio arqueológico Inca e outra em uma zona de conflito", justificou.

Mas o executivo espera concluir no primeiro semestre de 2011 os estudos de viabilidade para construção da usina hidrelétrica de Inambari, na amazônia peruana, de 2 mil megawatts e a 300 quilômetros da fronteira com o Brasil, nos limites dos departamentos peruanos de Puno, Cusco e Madre de Dios.

O projeto deve custar cerca de 2,5 bilhões de dólares, sendo que a parte da Eletrobras, ou 1,25 bilhão, virão 30 por cento de caixa próprio e o restante financiado.

Outra obra que pode começar em 2011, segundo Gama, também em parceria com o governo local, seria uma pequena hidrelétrica na Nicarágua, de 250 megawatts. Estão previstas ainda projetos em Honduras, Costa Rica, El Salvador, Guiana e Colômbia.

"Esses projetos na América do Sul e Central nos dão rentabilidade porque estamos perto, conseguimos bom financiamento e temos experiência", disse o executivo, lembrando que nesses países existe menos competição do que no Brasil.

Ele informou ainda que a Eletrobras vai participar de uma licitação na Colômbia para disputar um projeto hidrelétrico de 2 mil megawatts com mais seis empresas, sendo quatro brasileiras. "O retorno dos projetos (internacionais) tem que ser melhor do que no Brasil, se não a Eletrobras não faz", garantiu Gama.

Energia

O Globo, 27/07/10
União articula mais participação em Belo Monte: diretor da Eletrobras presidirá conselho da Norte Energia
BRASÍLIA - Além de ter participação majoritária na Norte Energia S.A. - empresa que vai construir e operar a usina de Belo Monte - o governo assumirá uma posição estratégica no dia a dia da empresa. Sem alarde, o diretor de Engenharia da Eletrobras, Valter Cardeal, foi eleito na semana passada presidente do Conselho de Administração da empresa. Homem de confiança da ex-ministra Dilma Rousseff, Cardeal foi responsável pela formatação da licitação da usina e articulou a composição da Sociedade de Propósito Específico (SPE), surgida a partir do consórcio vencedor da licitação de abril.

Nos próximos dias, deverá ser escolhida pelos 18 sócios a diretoria executiva da Norte Energia, empresa que está sendo constituída formalmente. Atualmente, o consórcio é comandado pelo diretor de Engenharia da Eletrobras Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), José Ailton Lima.

A escolha de Cardeal não surpreendeu os observadores do setor de energia, que avaliam que ele ganhou posição estratégica nas decisões da empresa.

- A diretoria executiva faz o que o conselho determina. Cardeal será o olho do dono na empresa, por quem passarão todas as diretrizes de Belo Monte - diz um empresário do setor.

Quatro grupos estão cotados para construir usina

Direta e indiretamente, via fundos de pensão, o governo detém 77,48% do capital da empresa. A Eletrobras e suas subsidiárias Chesf e Eletronorte têm 49,98%. A Petros tem 10%, e a Funcef, 2,5%, mais 5% do Caixa FI Cevix. A Previ, do Banco do Brasil, participa da Bolzano Participações, via Neoenergia, que tem 10% do capital. Os 22,52% restantes são divididos entre autoprodutores (10%) e nove empreiteiras (12,52%).

Além de diretor da Eletrobras, Cardeal foi presidente interino da estatal por alguns meses. Também presidiu o Conselho de Administração de Furnas e da Eletronorte. Participa dos conselhos de Eletrosul e Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul.

Quatro grupos estão cotados para construir a usina no Pará, orçada em R$ 25 bilhões: um é formado pelas empreiteiras Camargo Corrêa e Odebrecht, que haviam desistido da licitação pouco antes do leilão. Outro é formado pela construtora Andrade Gutierrez, que participava do consórcio derrotado. A lista se completa com os grupos Queiroz Galvão e OAS; Mendes Júnior; Serveng- Civilsan e Contern. Estes últimos são sócios da empresa.

A meta da Norte Energia é antecipar a conclusão de Belo Monte, prevista para outubro de 2015. O governo também tem pressa para encerrar os trâmites burocráticos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Energia

Canal Energia
Eletrobras vai disputar as três hidrelétricas do leilão A-5
Eletronorte vai concorrer a Colíder, em consórcio com Furnas, e Ferreira Gomes. E a Eletrosul tenta ficar com Garibaldi
Da Agência CanalEnergia, Planejamento e Expansão
21/07/2010
O presidente da Eletrobras, José Antônio Muniz Lopes, disse nesta quarta-feira, 21 de julho, que a estatal vai participar do leilão de A-5, marcado para o próximo dia 30, disputando as três hidrelétricas ofertadas. Uma quarta usina, Santo Antônio do Jari, já tem outorga concedida e venderá apenas energia.

Segundo ele, a Eletronorte vai disputar a usina de Colíder (MT-300 MW), em parceria com Furnas, além de concorrer a Ferreira Gomes (AP-252 MW). A Eletrosul vai tentar ficar com a hidrelétrica de Garibaldi (SC-177,9 MW). Todos os consórcios terão participação de empresas privadas cujos os nomes não foram divulgados.

Pela a estimativa divulgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica, o investimento esperado é de cerca de R$ 2,8 bilhões nas três usinas. O maior aporte será em Colíder de aproximadamente R$ 1,3 bilhão. Ferreira Gomes deve receber R$ 810,713 milhões e Garibaldi, R$ 719,327 milhões.

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica realizará na próxima sexta-feira, 23, o treinamento da sistemática do leilão, além da distribuição das senhas de acesso ao sistema do leilão. No dia 28 ocorre a simulação do certame. A etapa de inscrição e aporte de garantias foi concluída ontem (20).

Folha de São Paulo, 22/07/10

Governo quer votar ajustes no tratado de Itaipu até setembro
O governo prevê que os ajustes no tratado de Itaipu serão votados antes das eleições. Segundo o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vacarezza, é possível aprovar o texto na Câmara na primeira semana de agosto, durante o esforço concentrado. No Senado, o deputado acredita que o acordo será aprovado no início de setembro.

Para cumprir o cronograma, será feito pedido de urgência parlamentar. "Tínhamos feito o acordo de que faríamos audiência pública e depois votaríamos no plenário. A oposição não cumpriu o acordo, com o pedido de criação de uma comissão especial, e agora vamos pedir urgência na Câmara", disse.

O deputado falou a jornalistas após encontro com o chanceler paraguaio, Héctor Lacognata. O paraguaio encontrou-se também com o chanceler Celso Amorim, com quem debateram também a próxima Cúpula do Mercosul, em agosto, e o encontro dos presidentes Fernando Lugo e Luiz Inácio Lula da Silva, em 30 de julho.

"Confiamos no trabalho que está sendo feito e em nenhum momento duvidamos de que o governo brasileiro vá cumprir o acordado", disse Lacognata, após ouvir as boas notícias para o governo paraguaio.

Segundo o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, que também esteve na reunião, não haverá problemas na votação do texto. "A base de sustentação do governo está mobilizada. Isso é do interesse do Brasil, do interesse da política latino-americana de uma forma geral", afirmou.

A revisão no tratado de Itaipu pode custar ao Brasil cerca de US$ 240 milhões a mais por ano pelo pagamento pela cessão de energia ao Paraguai.

Pelo Tratado de Itaipu, o Paraguai tem direito a 50% da energia gerada pela hidrelétrica binacional. No entanto, o país acaba vendendo 90% de sua fatia ao Brasil, o comprador único do excedente de energia, como estabelece o tratado.