terça-feira, 31 de julho de 2012

Energia

Jornal da Energia, 31/07/12

Aneel reconsidera, mas multa Light em R$17,3 milhões
Multa foi aplicada por falhas na apuração dos indicadores de continuidade individuais e coletivos
Da redação
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reconsiderou, parcialmente, a penalidade aplicada à Light por eventuais falhas no cumprimento do Módulo 8 do PRODIST, mais especificamente no que se refere ao processo de coleta de dados e de apuração dos indicadores de continuidade individuais e coletivos, bem como à realização das compensações financeiras devidas aos consumidores que tiveram esses índices de qualidade mínima transgredidos.
A agência considerou o recurso interposto pela concessionária e alterou a multa de R$17, 7 milhões, em auto de infração lavrado em 30 de novembro de 2011, para R$17,3 milhões. A decisão, com a confirmação da multa em um novo valor, consta em publicação do Diário Oficial da União desta segunda-feira (30/7).

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Trabalho e Sindicalismo

Jornal da Energia, 27/07/12
Nove empresas Eletrobras voltam ao trabalho nesta sexta (27)
Distribuidoras de Rondônia e Roraima, Chesf e Eletrosul ainda precisam aprovar proposta da holding em assembleia
Por Wagner Freire
Nove empresas do Grupo Eletrobras decidiram pelo fim da greve nesta quinta-feira (26/7) e, portanto, voltam às atividades normais a partir desta sexta (27/7). Segundo Franklin Gonçalves, presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), a proposta apresentada pela estatal, de aumento real de 1,5%, foi aceita pelos funcionários da própria holding, das subsidiárias Eletronorte, Eletronuclear, Furnas e Cepel, além das distribuidoras do Acre, Alagoas, Piauí e Amazonas.
Para esta sexta, estão programadas novas assembleias com os trabalhadores da Chesf, da Eletrosul e das distribuidoras de Rondônia e Roraima. Caso haja também uma aceitação nessas empresas, a paralisação dos trabalhadores da Eletrobras terminará por completo.
O acordo entre sindicalista e a cúpula da Eletrobras foi alcançado na última quarta-feira (26/7), após 12 horas de discussão. A categoria pleiteava um reajuste de 10,73%, mas o acordo fechado ficou em 5,1% de reposição inflacionária - já oferecidos anteriormente pela Eletrobras -mais 1,5% de ganhos reais. O valor será retroativo a maio e, por isso, os trabalhadores ganharão também quatro cartelas de tíquetes de benefícios em agosto. A greve, iniciada no dia 16, chega ao fim após duas semanas.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Trabalho e Sindicalismo

Jornal da Energia, 25/07/12 Greve na Eletrobras pode acabar na próxima quinta
Uma nova rodada de negociações acontece nessa quarta-feira (25/7)
Por Fabíola Binas
O imbróglio entre a cúpula da Eletrobras e os representantes dos funcionários, que estão em greve deste o último dia 16, pode ter um desfecho na manhã desta quarta-feira (25/7), quando será realizada uma quinta rodada de negociações. As informações são do presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Franklin Moreira, que revelou uma reunão realizada na noite desta segunda (23), na sede da companhia.
O encontro, que pelo relato de Moreira teria contado com presidentes das empresas do grupo, resultou no agendamento dessa nova agenda para a busca de consenso. Até então, as negociações tinham sido dadas como encerradas pela diretoria da estatal, que dizia ter oferecido uma proposta justa aos trabalhadores.
“Nessa rodada vamos avaliar a nova proposta, com a expectativa de que se chegue a um resultado positivo”, comentou Moreira. O sindicalisa diz que, caso se chegue a um acordo, a FNU teria condições de convocar assembleias para a para aprovação da proposta pelos colaboradores da Eletrobras já na quarta-feira.
“Se tudo der certo, a greve pode terminar na quinta-feira”, previu o diretor. Segundo ele, a adesão continua forte - estima-se que o movimento atinja 90% dos servidores das 14 empresas que integram o sistema, com exceção dos serviços essenciais e dos gerentes de áreas.
A paralisação na Eletrobras já movimentou várias esferas do governo e levou o comando de greve a ter reuniões com a Secretaria-Geral da Presidência da República e o Ministério das Minas e Energia (MME). O objetivo dessas interlocuções foi tirar a questão do guarda-chuva da pasta do Planejamento, que vem tocando as negociações com os grevistas de outras instituições federais.
O pedido da categoria é por um reajuste de 10,73%, contra uma oferta de 5,1% da direção da empresa. Umas das questões também levantadas pelo sindicato, aliás, é a falta de autonomia da estatal em relação ao Planalto para a tomada de algumas decisões, como a gestão de pessoal, os rejustes e programas de demissão voluntaria.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Setor Elétrico

PRIMEIRAS 72 HORAS DE GREVE MOSTRAM

QUE TRABALHADORES (AS) ESTÃO FIRMES
NA LUTA POR UM ACT DIGNO
Clique aqui e leia o boletim da FNU de 18 07 2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Energia

Agência Ambiente Energia
Energia eólica: início de fabricação

A Suzlon Energia Eólica do Brasil e a Aeris iniciaram, em julho, a produção serial de pás para os aerogeradores modelo Suzlon S95, na nova planta industrial da Aeris, localizada no Complexo Industrial do Pecém (Ceará). Com 46 metros de comprimento e oito toneladas de peso, o objetivo da primeira linha é fabricar mais de 20 pás por mês nesta primeira fase.
Fruto de investimento de mais de R$ 50 milhões em instalações industriais de ponta e que incluem a aplicação de tecnologia aeronáutica, a Aeris pretende ultrapassar a marca de 800 MW de produção anual em 2013. Neste empreendimento, a Suzlon investiu cerca de R$ 10 milhões em moldes, maquinário auxiliar e suporte técnico de forma a permitir o bem sucedido início das operações.
Para Bruno Vilela, Diretor Executivo da Aeris, o início da produção seriada é um grande marco. “Com muito esforço e comprometimento de todos, a Aeris começa a operar no Brasil com a mais avançada tecnologia de produção disponível no mundo e estamos muito felizes com o apoio que recebemos da Suzlon, nossa primeira cliente, para chegarmos a este ponto. Nossos esforços se concentram agora na otimização do fluxo produtivo e contínuo desenvolvimento da cadeia de suprimentos no Brasil”.
Arthur Lavieri, diretor-presidente da Suzlon, comenta: “Congratulamos todas as equipes da Aeris e da Suzlon que trabalharam tão duramente, nos últimos nove meses, para chegarmos a este grande dia. Dois moldes de mais de 50 m de comprimento e inúmeros dispositivos auxiliares foram instalados e comissionados na planta da Aeris em tempo recorde. A S95 é a nossa turbina mais moderna para ventos de velocidade média e a sua nacionalização com um parceiro brasileiro e da capacidade técnica da Aeris é um grande passo estratégico para a Suzlon no Brasil. Temos já dois grandes contratos em andamento que contam com torres, painéis, componentes elétricos e pás – todos brasileiros – e esperamos aumentar ainda mais este volume de negócios nos próximos meses”.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Agência Reuters

Funcionários da Eletrobras entram em greve por tempo indeterminadoSÃO PAULO, 16 Jul (Reuters) - Os funcionários da Eletrobras entraram em greve nesta segunda-feira após não terem conseguido o aumento salarial solicitado e pedindo a retomada das negociações, informou o secretário de energia da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Fernando Pereira.
"Paramos por tempo indeterminado até o governo autorizar a reabertura das negociações", disse o representante dos trabalhadores da companhia, à Reuters.
Os trabalhadores pedem aumento salarial de 10,73 por cento, segundo Pereira, enquanto a Eletrobras ofereceu 5,1 por cento.
O representante dos trabalhadores disse que a adesão ao movimento "é boa", e que praticamente todos os funcionários das 14 empresas do grupo pararam, com exceção dos 30 por cento necessários para manter as atividades de operação e outras essenciais.
Ele disse ainda que os trabalhadores querem discutir a estrutura da empresa --que segundo ele tem cerca 20 mil terceirizados, além dos 27 mil contratados.
O diretor da Associação dos Empregados da Eletrobras e também do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro (Sintergia-RJ), Emanuel Mendes Torres, disse ainda que os funcionários pararam em protesto à interrupção das negociações.
Segundo o representante dos funcionários da Eletrobras no Estado do Rio de Janeiro, a empresa ainda não se manifestou após a entrada em greve nesta segunda-feira.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Jornal da Energia

Eletrobras: sindicato sinaliza com greve por tempo indeterminado
FNU diz que governo não avançou com proposta e propõe paralisação a partir de segunda (16)

Da redação
Depois de uma reunião em Brasília em que o governo federal não teria avançado nas propostas de reajuste, a Federação Nacional de Urbanitários (FNU) sinaliza com uma greve por tempo indeterminado nas empresas do sistema Eletrobras. Já houve uma paralisação de 72 horas, como alerta, mas o sindicato pretende apertar ainda mais a União.
O pedido da categoria é por um reajuste de 10,73%, contra uma oferta de 5,1% do governo. Segundo a FNU, "essa postura da direção da holding mostra sua submissão ao DEST, Ministério do Planejamento e de Minas e Energia, assim como sua incapacidade de se colocar enquanto empresa estratégica".
A entidade afirma que há mais de vinte anos não acontece uma paralisação por tempo indeterminado nas empresas da Eletrobras e aponta que isso pode acontecer "a partir desta segunda, 16 de julho".
Ainda sobram críticas à presidente Dilma. "O projeto que um dia acreditamos ser de continuidade do governo Lula fez a opção de combater os trabalhadores", lamenta o boletim da FNU.
Nota: Na tarde de ontem, em uma assembleia lotada apesar da chuva no Rio de Janeiro, os trabalhadores de Furnas aprovaram a Greve por Tempo Indeterminado a partir de zero hora de segunda-feira (16). (Ernesto)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Energia

Jornal da Energia, 12/07/12
Norte Energia capta R$1 bilhão com notas promissórias
Empresa, responsável por Belo Monte, contrata o banco BTG para tocar operação
Da redação
A Norte Energia, responsável pela construção e futura operação da hidrelétrica de Belo Monte (11.233MW), contratou o banco BTG Pactual como coordenador de uma operação para captar R$1 bilhão por meio da emissão de notas promissórias. O lançamento dos títulos será feito em três séries, com valores unitários de R$40 milhões, R$60 milhões e R$12 milhões. O vencimento dos papéis será em até 180 dias, contados a partir da data de emissão.
As notas promissórias serão remuneradas com juros, a serem pagos de uma única vez, jusntamente com o valor nominal dos papéis, na data do resgate. Segundo a Norte Energia, os recursos captados por meio da oferta serão destinados ao pagamento de fornecedores e prestadores de serviço, bem como para a aquisição de terras necessárias ao prosseguimento das obras da megausina do Xingu.
As notas promissórias serão garantidas pelos acionistas da Norte Energia, formada por Eletronorte, Chesf, Eletrobras, Neoenergia, Cemig, Light e J. Malucelli Energia; além de Vale e Sinobras, como autoprodutores; e os fundos Petros, Funcef e Caixa FIP Cevix.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Energia

Canal EnergiaNove transmissoras e nove geradoras solicitaram à Aneel prorrogação das concessões Agência ainda vai consolidar os pedidos feitos por distribuidoras
Sueli Montenegro, da Agência CanalEnergia, de Brasília, Regulação e Política
10/07/2012
A Agência Nacional de Energia Elétrica informou nesta terça-feira, 10 de julho, que nove concessionárias de transmissão e nove de geração responsáveis por 11 hidrelétricas que vencerão a partir de 2015 manifestaram interesse na prorrogação das concessões.
As solicitações na área de transmissão foram feitas por Chesf, CTEEP, Furnas, Copel GT, Celg GT, Eletronorte, Eletrosul, CEEE GT e Cemig GT. No caso das geradoras, a lista dos pedidos encaminhados até o último dia 6 inclui a Copel (UHEs Chopim, Mourão I e Governador Parigot de Souza); Celg (UHE Rochedo); Cesp (UHEs Ilha Solteira e Jupiá); CEEE-GT (UHEs Jacuí, Passo Real, Canastra, Bugres, Ernestina, Capigui, Guarita, Herval, Santa Rosa, Passo do Inferno, Forquilha, Ijuizinho e Toca); Celesc Geração (UHEs Garcia e Ivo Silveira); Zona da Mata Geração (UHEs Ervália e Coronel Domiciano); Eletronorte (UHE Coaracy Nunes); Furnas (UHEs Furnas, Luiz Carlos Barreto de Carvalho e Funil) e Santa Cruz Geração de Energia (UHEs Paranapanema e Rio Novo).
Os dados relativos às concessionárias de distribuição ainda não foram divulgados pela Aneel. O prazo para transmissoras e distribuidoras terminou nesta segunda-feira, 9 de julho. As geradoras têm prazos diferenciados para entregar seus pedidos à agência, de acordo com as datas de assinatura dos contratos. De acordo com a legislação, os concessionários do setor devem manifestar interesse em manter a prestação do serviço 36 meses antes do vencimento da outorga.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Energia

Blog Infopetro. Rio de Janeiro, 09 de julho de 2012.
A Eletrobras e a construção de um setor elétrico nacional
BICALHO, Ronaldo.
Há cinquenta anos era criada a Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobras).
Proposta inicialmente pelo presidente Getulio Vargas em 1954, a empresa só seria instalada em 1962, pelo então presidente João Goulart. Dado o contexto em que se deu – grande heterogeneidade de agentes e interesses já consolidados -, a configuração de uma empresa elétrica federal de âmbito nacional apresentou um elevado grau de complexidade político-institucional.
Levada a cabo a partir do reconhecimento de que era preciso garantir a expansão acelerada da oferta de energia elétrica no país e que a intervenção do Estado era imprescindível para se alcançar esse objetivo, todo o processo de centralização dos recursos na esfera do Governo federal demandou um longo, árduo e penoso processo de negociação entre distintos agentes, interesses e regiões, que definiu, ao fim e ao cabo, o ritmo e a extensão dessa centralização.
Formado a partir de uma base territorial inicialmente circunscrita, que incorpora suas características econômicas e políticas específicas, a indústria elétrica apresenta um forte caráter local. Nesse sentido, a construção de uma indústria nacional envolve sempre a superação desse localismo intrínseco à fase inicial de formação dos mercados elétricos. Considerando a forte dimensão institucional da construção dessa indústria, o processo de negociação política, em seus vários níveis, torna-se uma ferramenta fundamental nessa superação.
Nesse processo vão surgindo possibilidades concretas de conflitos e cooperações. Assim, a gestão dessa dualidade é que vai ampliando, ou restringindo, o horizonte de construção do caráter nacional da indústria elétrica.
Em outras palavras, a integração dos diferentes espaços locais, necessária à configuração de uma indústria elétrica verdadeiramente nacional, envolve uma integração de políticas e interesses locais, muitas vezes contraditórios e divergentes. Essa integração institucional demanda uma forte negociação, cujos resultados dependerão dos recursos de poder das diferentes partes envolvidas.
Nesse contexto, cabe chamar a atenção para o fato de que a constituição de empresas públicas, federais e estaduais, com o objetivo de levar a cabo os seus respectivos empreendimentos em suas respectivas áreas geográficas de atuação, articulou diferentes núcleos de burocracia estatal, em torno dos quais se estruturavam os específicos interesses regionais. O conflito de interesses, assim como as alianças, entre esses núcleos é uma das características da evolução da indústria elétrica brasileira, que deve ser compreendida como um desenvolvimento marcado pela heterogeneidade dos interesses que compõem essa indústria, e não como um desenvolvimento marcado pela unicidade e continuidade de projetos. De fato, a evolução se dá por idas e vindas, conflito e cooperação, continuidade e descontinuidade. Enfim, dentro de um quadro extremamente complexo.
A centralização, no governo federal, do controle do desenvolvimento da indústria elétrica brasileira se deve à reunião, ao longo do tempo, de recursos de poder nesse âmbito de governança. Essa centralização – que se inicia em trinta, se acelera a partir de cinquenta, e se consolida depois de sessenta -, no entanto, não prescinde do recurso da negociação. Na verdade, o que acontece é uma combinação de recursos – financeiros, econômicos e institucionais – e capacidade de negociação que irá fundar uma dada intervenção do Estado brasileiro nos anos cinquenta e sessenta. Será sobre essa fundação que será construída uma indústria elétrica de âmbito nacional.
Nesse contexto, o importante a ressaltar é que a criação da ELETROBRAS, mais do que um ponto de partida, é fruto de um longo processo de negociação, que ocorre em paralelo ao fortalecimento do poder central. Graças aos recursos amealhados nesse fortalecimento é que é possível administrar os conflitos de base regional. Essa administração será marcada, cada vez mais, pela administração do acesso aos recursos financeiros para os estados realizarem seus projetos. Na verdade, é a posse desses recursos que dá ao governo central, de fato, o seu poder de coordenação, que é traduzido através da estrutura jurídica – institucional.
Não é gratuito que a mobilização e utilização dos recursos – técnicos, econômicos e políticos – observada no setor elétrico brasileiro sempre apresentou uma natureza totalmente distinta daquela identificada no setor de petróleo.
Se à Petrobras coube construir de fato a indústria brasileira de petróleo, a Eletrobrás já nasceu no interior de uma indústria que já existia há sessenta anos. Se a Petrobrás já nasceu como empresa que haveria de estruturar a nossa indústria de petróleo, a Eletrobrás nasceu em uma indústria já estruturada, assumindo, desde o início, uma função de coordenação da operação e expansão de um espaço econômico já existente.
Assim, em contrapartida à burocracia estatal petroleira que assumia o papel de desbravadores, para lembrar minha velha amiga Carmen Alveal, a burocracia estatal elétrica assumia as funções de coordenadores; traduzidas de forma pedagógica no Grupo Coordenador da Operação Interligada (GCOI) e no Grupo Coordenador de Planejamento dos Sistemas Elétricos (GCPS). Que na verdade operavam como espaços de coordenação da operação e expansão, respectivamente, do setor elétrico, e não como instâncias decisórias empresariais da Eletrobrás.
É também sob a égide da coordenação que se insere a relação entre a Eletrobras e as suas subsidiárias regionais: CHESF, FURNAS, ELETROSUL e ELETRONORTE. Uma relação marcada muito mais pela autonomia conquistada a partir do forte caráter regional e local da experiência de construção da indústria elétrica brasileira – inclusive a das estatais federais – do que pelas estritas relações hierárquicas corporativas.
Nesse sentido, a coordenação da Eletrobras abarcou não apenas a dimensão institucional clássica da construção da convergência dos planos e ações do conjunto de todos agentes do setor, como também a dimensão empresarial da convergência dos planos e ações do conjunto de empresas públicas federais regionais, responsáveis, de fato, pela expansão pesada da geração e da transmissão.


Nesse sentido, a experiência do setor elétrico é sui generis no campo do planejamento brasileiro. Nesse setor o planejamento centralizado surgiu a partir das experiências regionais; diferentemente da maioria dos outros setores, em que ele já nasceu centralizado. Mais do que isso, manteve os conflitos regionais no coração desse planejamento, tendo que gerenciá-los na base na distribuição dos recursos; principalmente aqueles associados à expansão do sistema.
A Eletrobras sintetiza a complexidade e a sofisticação presente na construção do setor elétrico brasileiro, que envolveu não só o desenvolvimento de toda uma elevada capacitação de operá-lo em termos da otimização do uso dos grandes recursos hídricos disponíveis no país, síntese da nossa qualificação técnica na gestão de grandes sistemas, mas a criação de espaços de coordenação e gestão de conflitos empresariais, políticos e regionais no interior do Estado, que sustentaram os consensos necessários à expansão do setor elétrico brasileiro.
A história da Eletrobras ao longo dos seus cinquenta anos de existência é a história dos avanços e dos recuos nesse processo de construção institucional da convergência necessária à mobilização dos recursos para a expansão da indústria elétrica brasileira. O seu nascimento nos anos sessenta representou um dos momentos máximos dessa mobilização, que foi a construção da usina de Furnas, em contrapartida, a sua crise nos anos noventa implicou na desmobilização desses recursos, a partir da tentativa de esvaziamento da coordenação institucional em favor da coordenação de mercado. Se o primeiro representou um marco da estruturação do setor elétrico brasileiro, a segunda marcou a gênese da desestruturação desse setor que culminou no maior racionamento da nossa história.
Hoje, a coordenação da operação e expansão do setor elétrico brasileiro saiu da Eletrobras e encontra-se basicamente na EPE e no ONS. Contudo, a coordenação da ação empresarial do Governo Federal no campo da eletricidade permanece na Eletrobras.
Essa coordenação da intervenção do Estado brasileiro, diretamente na produção de energia, continua sendo crucial na sustentação dos grandes projetos estruturantes de geração e transmissão que transcendem os horizontes da iniciativa privada e as aspirações meramente regionais; assim como, para a articulação da nossa inserção continental através de projetos energéticos compartilhados com nossos vizinhos latino-americanos.
Continua sendo importante para o Brasil ter uma holding nacional que coordene a intervenção estatal no campo da eletricidade, mobilizando de forma articulada um conjunto de ativos e capacitações técnicas, gerenciais e financeiras, em uma perspectiva que ultrapasse as limitações regionais históricas das grandes empresas estatais federais e que lhes dê um horizonte de atuação ampliado e fortalecido pela articulação consistente de suas competências.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Energia

Jornal da Energia, 09/07/12Energia nuclear ocupa 13,4% da matriz mundial
No entanto, participação da fonte tem caído nos últimos anos
Por Natália Bezutti
Um novo relatório elaborado pela Agência de Energia Nuclear (NEA) aponta que a fonte é responsável por 13,4% da matriz elétrica global, mas diz que a presença do setor tem caído na comparação com o crescimento da geração no mundo. Em 2011, o número de novos projetos nucleares em construção caiu para quatro, frente aos 16 que estavam em andamento em 2010. O estudo aponta que a retração é possivelmente uma consequência combinada do acidente na usina Fukushima Daiichi e da crise econômica mundial.
O documento ressalta que ainda é cedo para avaliar a tendência em 2012, mas argumenta que vale a pena observar que os Estados Unidos, pela primeira vez em 30 anos, decidiram aprovar a construção de uma nova usina nuclear.
Colocando uma perspectiva de alcançar 1.200GW em capacidade instalada da fonte em 2050, o estudo acredita que será possível acrescentar 16GW em usinas atômicas ao ano até 2020. O número representa uma taxa de crescimento maior do que na última década, quando houve incremento de 13GW ao ano.
Assim seria possível chegar a 512GW até 2020, com uma gradual acumulação de capacidade industrial e de recursos humanos. O motivo é que a extensão da vida útil dos reatores em operação auxiliaria a manutenção do patamar de capacidade nuclear instalada no mundo até 2030. Mas, depois dessa data, com a desativação das usinas mais velhas, seria preciso um aumento significativo da construção de novos reatores para substituir os antigos e, além disso, aumentar a capacidade instalada.
Fatores que afetam a expansão
O estudo não identificou barreiras intransponíveis para expansão necessária da geração nuclear nos próximos 40 anos. No entanto, cita como desafios o financiamento dos empreendimentos, tendo em vista seus custos elevados e o risco de atrasos e custos suplementares. Também é necessário superar as restrições atuais da capacidade industrial e profissionais capacitados para a construção das usinas.
O documento também cita como barreiras o gerenciamento dos rejeitos de alta atividade; a expansão da energia nuclear para novos países, ao mesmo tempo em que se evita a proliferação de materiais e tecnologias nucleares sensíveis; e a ampliação do fornecimento de combustível nuclear para dar conta do aumento da capacidade instalada e da extensão da vida útil das usinas existentes.
Programa nuclear
Um programa nuclear bem sucedido em qualquer país deve ter a confiança da sociedade como um todo, sustenta o estudo. Além disso, a transparência e a participação pública na tomada de decisões são vistas como vitais para garantir a aceitação do público para os programas nucleares.