terça-feira, 10 de agosto de 2010

Trabalho e Sindicalismo - Diap

Mesmo com curso superior, mulheres recebem 72% a menos que homens
A contratação de mulheres está em alta no mercado de trabalho. Elas são as preferidas das empresas, principalmente quando o nível de exigência implica em ter grau de instrução superior. O motivo, no entanto, não está relacionado ao bom desempenho na atividade. As mulheres, simplesmente, custam menos que os homens.

O salário médio de trabalhadoras com curso superior completo é de R$ 2.919,99. Já o ganho do sexo oposto, na mesma condição, chega a R$ 5.019,49 - uma diferença de 72%. Nessa situação, uma empresa pode contratar três mulheres em vez de dois homens e ainda ter troco.

"As empresas estão contratando mais mulheres porque é mais barato", reconheceu o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ao divulgar na última quinta-feira (5) os dados de 2009 da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) - a mais completa radiografia do mercado de trabalho brasileiro.

Mas isso não significa que todas as mulheres, mesmo comprovadamente competentes, estão em condições salariais inferiores.

Há, ainda que minoritariamente, empresas remunerando suas funcionárias bem acima da média de renda masculina. É o caso da Primavera Enxovais, que conta com dez lojas no Distrito Federal. Segundo a proprietária da rede, Sueli Ribeiro, todas as 60 vendedoras são mulheres.

"Em muitos casos, elas ganham mais que os maridos", disse. Segundo Sueli, a preferência pelas moças leva em consideração a própria cultura feminina, que está mais alinhada com o tipo de produto que vende. "Desde criança elas já brincavam de casinha. É natural terem bom conhecimento de decoração. E a resposta dos clientes é muito boa quando são atendidos por elas", ressaltou.

Disparidades
Como um retrato do país no mercado de trabalho, a Rais comprova a desigualdade. Homens em geral ganham mais do que as mulheres, independentemente do nível de escolaridade. Quanto mais baixa a escolaridade, mais baixo é o salário e mais alta é a rotatividade no emprego.

A cor também é determinante. Mesmo entre as pessoas do mesmo sexo, os negros ganham menos que os brancos. A maior disparidade ocorre entre os rendimentos médios de negros e brancos com nível superior completo. Os salários médios dos negros representam 70,68% do rendimento dos brancos.

Outro dado relevante é a disparidade dos rendimento. Pela Rais, é no Distrito Federal onde se paga o maior salário médio do país. O brasiliense ganha R$ 3.445,06 - três vezes mais que a renda de R$ 1.130,31, na Paraíba, e mais do que o dobro da média nacional, de R$ 1.595,22. O motivo, segundo o ministro do Trabalho, é o funcionalismo público da capital do país, que puxa a rendimento para cima.

Mas há um boa notícia. A Rais mostrou que vem crescendo a participação no mercado de trabalhadores mais velhos, portanto mais experientes. Embora em números absolutos eles estejam longe de ser o maior número, o crescimento de vagas foi superior a 7% (quase o dobro da média) entre os que têm mais de 50 anos no mercado de trabalho. Só no ano passado, 372.783 pessoas de 50 a 64 anos acharam emprego.

A Rais provou ainda que poucos jovens vêm conseguindo ingressar no mercado de trabalho. Eles podem estar optando por permanecer mais tempo na escola - mas também são vítimas do preconceito das empresas porque não possuem experiência e, no geral, têm baixa qualificação.

Pior ano

Pelos dados da Rais, o Brasil criou, no ano passado, 1,766 milhão de empregos - só entre os empregos formais do setor privado foram 995 mil. Trata-se de uma variação de 4,48% em relação ao estoque de trabalhadores existentes em 2008.

Foi o pior resultado desde 2003, bem inferior a 2007, quando o mercado de trabalho (incluindo o setor público) foi capaz de gerar 2,452 milhões postos com carteira assinada.

Lupi explicou que o resultado menor de 2009 decorreu da crise econômica mundial, que começou no final de 2008 e se estendeu para o ano seguinte.

Com os dados do ano passado, o número de trabalhadores com vínculos formais no país atingiu 41,207 milhões. Cerca de 7,4 milhões de empresas declararam a Rais, das quais 3,224 milhões com empregados e 4,209 milhões sem empregados.

O setor de serviços é o maior empregador do país. Ao final de 2009 contava com 13,235 milhões de funcionários. Em segundo lugar vem a administração pública, com 8,763 milhões de servidores e, em terceiro, o comércio com 7,692 milhões de empregados. (Fonte: Correio Braziliense)

Agência Brasil

MPF cobra apresentação de estudo com medidas de prevenção de acidentes para Angra 3
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Ministério Público Federal (MPF) em Angra dos Reis (RJ) deu prazo até o próximo dia 16 para que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e a Eletronuclear suspendam as obras de construção da Usina Nuclear Angra 3 até que seja apresentado estudo com as alternativas para prevenção ou redução de acidentes severos referentes àquela unidade.

A Cnen informou, por meio de sua assessoria, que enviou o documento do MPF para análise de seu departamento jurídico. E reafirmou que as licenças para a obra foram concedidas atendendo a todos os critérios nacionais e internacionais de segurança.

Essa foi a segunda recomendação encaminhada pelo MPF em 40 dias para duas empresas, que poderão vir a ser processadas, caso não paralisem as obras até a apresentação do estudo pela Eletronuclear.
Leia mais em www.asef.com.br

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Uma Avaliação Necessária - parte 2

Por Ernesto Germano Parés

No dia 25 de Fevereiro de 2000, Fernando Henrique Cardoso lançava o seu salvador projeto para o setor elétrico nacional: o Programa Prioritário de Termelétricas (PPT) que, sem muitas avaliações, pensava em trocar a matriz energética do país abandonando o tradicional e ainda não completamente explorado potencial hídrico nacional.
Certamente que este projeto se encaixava “como uma luva” no programa já em curso de privatizações das nossas geradoras existentes.
E não faltaram “especialistas” e colunistas para escrever que aquele era “considerado pelo setor como o mais ambicioso projeto de geração de energia desde a construção da usina de Itaipu, na década de 70”. Ao todo, estima-se um investimento de US$ 8 bilhões nestas usinas, dos quais o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) iria financiar até 30%.
O PPT deu no que deu! A maior parte daquelas termelétricas licitadas sequer foi construída, muita gente ganhou financiamento e lucrou com o programa sem jamais gerar um único megawatt de energia, e o Brasil precisou esperar mais alguns anos para ter um projeto novo para o setor, valorizando a geração hídrica, mas sem esquecer as fontes alternativas.
A partir de 2003, no sentido inverso da política de FHC, o governo passou a investir mais no setor elétrico e as empresas estatais tiveram um papel predominante.
Espera-se que o Brasil chegue em 2022 com uma capacidade instalada de geração de 160 GW (hoje é de cerca de 100 GW) e a hidroeletricidade continuará a exercer papel expressivo. Mas a participação das usinas térmicas não podem mais ser consideradas complementares ao sistema.
A tendência ao crescimento dos investimentos em longas linhas de transmissão em corrente contínua, para aproveitamento do potencial hidrelétrico da região amazônica e o aumento da participação das térmicas, tornarão o sistema de transmissão maior e mais complexo, exigindo maior preparo técnico das empresas envolvidas.
O projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2010, enviado pelo Ministério do Planejamento ao Congresso Nacional, prevê R$ 94,390 bilhões o montante do Orçamento de Investimento das empresas estatais federais. Isso representa um aumento de R$ 14,7 bilhões em relação à dotação orçamentária de 2009, um aumento de 18,4%.
Deste total, as empresas do Setor Produtivo Estatal (Grupo Petrobras, Grupo Eletrobrás e empresas) terão R$ 74,671 bilhões, enquanto as do Setor Financeiro (Banco do Brasil, Caixa e demais instituições) ficam com R$ 3,707 bilhões. Outros R$ 16,012 bilhões são investimentos do Grupo Petrobras no exterior. O setor de energia elétrica participa com R$ 8,622 bilhões ou 9,1% do total do Orçamento de Investimento das estatais. O Orçamento de Investimentos das estatais engloba 35 programas, destacando-se 10 no setor de petróleo, oito no setor de energia elétrica e seis no setor de transportes (de responsabilidade das companhias Docas).
Nos quatro primeiros meses deste ano, a Eletrobras realizou investimentos de R$ 1,053 bilhão, o que corresponde a 13% do montante previsto para 2010. Entre as subsidiárias da Eletrobras, Furnas aplicou o maior montante, no valor de R$ 222,027 milhões, de janeiro a abril. Os recursos equivalem a 19,8% da previsão orçamentária de R$ 1,121 bilhão. A Eletrosul investiu no primeiro quadrimestre R$ 156,371 milhões, o equivalente a 30,6% do plano de investimento de R$ 511,437 milhões de 2010. A Chesf, por sua vez, injetou em seus projetos R$ 175,955 milhões, correspondendo a 16,3% dos R$ 1,078 bilhão previstos para este ano.
No final de junho, a Fitch Ratings – agência internacional de classificação de riscos – anunciou uma revisão positiva com relação à Eletrobras e Furnas. É claro que isto reflete o desempenho econômico do país diante da recessão, de forma superior à esperada. A Fitch não espera mudanças significativas no rumo das políticas econômicas após as eleições presidenciais de outubro.
No relatório divulgado, vemos que a classificação de Furnas reflete o vínculo com a Eletrobras. Furnas é uma das maiores companhias do grupo, representa aproximadamente 25% da capacidade instalada de geração do grupo e 32% de sua cobertura de transmissão em quilômetros.
São dados irrefutáveis e que comprovam a necessidade de voltarmos a debater o fortalecimento de Furnas, sua autonomia e preservação de seus profissionais.
Voltaremos ao assunto.