sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Energia

O Globo, 13/11/09
Eletrobrás usou, este ano, 38% dos R$ 7,2 bi planejados para geração e transmissão
BRASÍLIA - Responsável por cerca de 56% das linhas de transmissão que interligam o país, o Grupo Eletrobrás - formado por uma holding e quatro subsidiárias - investiu, de janeiro a agosto, R$ 2,773 bilhões, apenas 38% dos R$ 7,243 bilhões planejados para este ano nos sistemas de geração e transmissão sob sua responsabilidade. Neste ritmo de execução, o percentual realizado tende a ser, ao fim de 2009, o mais baixo dos últimos dez anos - período durante o qual nunca a estatal conseguiu entregar mais de 80% dos investimentos que estavam previstos no seu orçamento. É o que mostra a reportagem de Eliane Oliveira e Gustavo Paul, publicada na edição desta sexta-feira do GLOBO. Os dados, do site de acompanhamento das finanças públicas Contas Abertas, foram calculados com base em informações do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest) do Ministério do Planejamento. Para o presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, o baixo desempenho dos investimentos da Eletrobrás ocorre porque a empresa está sem foco, preocupada mais com aspectos políticos do que técnicos. Ele considera o montante concretizado pequeno para o que o grupo pretende se tornar: - A Eletrobrás não tem claramente uma direção nesse plano de investimentos. Quer atender o presidente Lula e virar a Petrobras do setor elétrico. Quer investir no exterior, quando há tantos problemas no Brasil a se resolver. Por isso, está completamente sem foco. Quer abraçar muitas coisas e acaba tendo dificuldades do ponto de vista empresarial. Até agosto, gasto estaria em 49% Procurada, a holding informou que as empresas do sistema Eletrobrás já realizaram, até setembro, 49% do orçamento previsto para este ano na área de geração. O percentual é o mesmo para a transmissão. Ainda segundo a companhia, até o fim do ano o desempenho será de 70% do Orçamento, o equivalente a R$ 7,2 bilhões. Em seu site, a holding promete gastar R$ 2,54 bilhões este ano em construção, ampliação e reforços de linhas de transmissão no país. A estatal planeja 28 novas linhas de transmissão de Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul, construídas com recursos próprios ou em parceria, num total de 9.780 km, entre 2009 e 2012. "A realização do orçamento é impactada pelos procedimentos legais e ambientais que necessitam ser cumpridos. Exemplo deste último item é a usina Angra 3, que deveria ter começado a ser construída em março, mas, devido à espera pelo licenciamento ambiental, só iniciou as obras em outubro", afirmou a empresa, em resposta ao GLOBO. Apesar das deficiências apontadas, o sistema tem se expandido. Dados do Ministério de Minas e Energia mostram que os investimentos no governo Lula em geração e linhas de transmissão são maiores do que os feitos pelo governo Fernando Henrique. Lula assumiu o governo em 2003 com 80.315 megawatts (MW) de capacidade instalada no sistema de geração, o que, desde então, cresceu em 25.596 mil MW, com oferta total, em 2009, de 105.911 MW. No governo anterior, a energia gerada adicional foi de 21.418 MW (entre 1995 e 2002). No governo atual houve um acréscimo de 32.160 km na rede de linhas de transmissão, enquanto no anterior o total apurado foi de 10.020 km. - Os investimentos em geração e transmissão estão sendo feitos, mas poderiam ocorrer de forma mais rápida e mais rigorosa, com um monitoramento maior no sistema de proteção. Se o apagão da última terça-feira tivesse acontecido durante o dia, haveria um grande prejuízo para o setor industrial - comentou Otávio Santoro, diretor executivo da Indeco Energia e Águas.

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