segunda-feira, 22 de março de 2010

Energia

Diário do Comércio e Indústria, 22/03/10
Indústria tenta igualar consumidor livre e cativo em Belo Monte
PORTO VELHO SÃO PAULO - Antes mesmo de ter sua obra iniciada, a usina de Belo Monte pode mudar os parâmetros do setor elétrico nacional. Isso porque, o segmento industrial está tentando garantir aos consumidores livres o mesmo alívio de exposição que é dado aos cativos, ou seja, às distribuidoras. Por isso, segundo a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), as indústrias não devem contratar os 10% da energia que tem direito se mantidas essas condições. "Enviei um ofício ao Ministério, mas não fomos atendidos. Então ressaltamos isso na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)", afirma o presidente da Abrace, Ricardo Lima, lembrando que o diretor técnico-regulatório da associação, Luciano Pacheco, esteve na reunião da agência que aprovou o edital de Belo Monte.O que deseja a entidade que representa é evitar o risco que os clientes têm ao contratar energia de outro submercado. A dificuldade é em relação aos valores do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD): se houver uma variação entre esse preço no submercado Norte (N), onde estará Belo Monte, com o submercado onde está localizada a indústria, no sudeste/centro-oeste (SE/CO), por exemplo, o consumidor tem de arcar com tal custo."Neste mês de março, por exemplo, não teria problema, porque o PLD está igual. Mas imagina a situação de março de 2009, quando a diferença entre o PLD do SE/CO para o N foi de R$ 65.91 por MWh. Ou seja, a indústria tem um contrato e ainda tem de pagar essa diferença", exemplifica Lima.O pleito da Abrace, de usar o mecanismo de alívio de exposição, evitaria isso, como já acontece hoje com as distribuidoras. Nesse modelo, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) usa o excedente financeiro, gerado pelas multas e diferença de preços, para regular as disparidades.Durante aprovação do edital da hidroelétrica, diretores da Aneel afirmaram que a questão deve ser mesmo estudada, mas para os próximos leilões, já que exige toda uma mudança de diretrizes. Mesmo assim, Lima ainda busca uma alteração para agora. "Quem sabe não conseguimos, nos próximos dias, mudar isso para dar mais segurança ao mercado livre", questionou o presidente da associação.Em Belo Monte, os consumidores livres terão direito a até 10% da energia gerada. Os outros 90% serão divididos entre cativo e autoprodutores.

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