quarta-feira, 3 de março de 2010

O Globo

03/03/10
Cemig, superestatal de Aécio que passa a controlar distribuidora de energia do Rio, tem indicadores piores que os da Light

BRASÍLIA e RIO - A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) vem mostrando grande apetite no mercado, passando a controladora da Light no mês passado e agora negociando a compra da Ampla, mas a estatal mineira apresentou no biênio 2008/2009 indicadores de qualidade piores do que os da distribuidora fluminense, como mostra reportagem de Mônica Tavares, Gustavo Paul, Bruno Rosa e Bruno Villas Bôas, publicada na edição do GLOBO, nesta quarta-feira. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que desde 2003 o tempo médio mensal de corte de luz da Cemig oscila entre 11 e 14 horas - sendo este último o indicador de 2008 e 2009. No ano retrasado, último dado consolidado, o índice médio em todo o Sudeste foi de 10,62 horas sem luz. Na Light, ele ficou em 11,6 horas em 2008 e chegou a 13 horas em novembro passado (o mínimo de 2009 foram 9 horas). O número médio de interrupções de fornecimento ao mês é outro indicador no qual a controladora não se destaca. Foram sete desligamentos na Cemig em 2008 e entre seis e sete no ano passado, ao passo que na Light os índices ficaram em, respectivamente, 6,74 e entre seis e sete. A Ampla tem números ainda piores. Não há dados médios para sua área de concessão. Mas, em 2009, considerando-se alguns dos maiores municípios atendidos, seu melhor desempenho seria em Niterói, com média mensal de 8,79 interrupções de fornecimento gerando 12,53 horas mensais de corte. Multada entre 2000 e 2008 anualmente por inconsistência no fornecimento do serviço, reincidente já no início de 2010 com um punição de R$ 9,5 milhões (maior do que os R$ 7 milhões somados de 2003 a 2008), a Light precisa de um choque de gestão na área técnica, segundo especialistas, modernizando sua estrutura de fornecimento de serviços. Neste sentido, afirmam, a associação com a Cemig tende a fortalecer o negócio, pois um conglomerado tem maior capacidade de investimento. É neste contexto de choque de gestão que é bem recebida pelos agentes do setor a mudança na presidência da empresa. O Conselho de Administração da companhia aprovou na terça-feira Jerson Kelman, indicado pela Cemig, para o cargo, no lugar de José Luiz Alquéres . A Cemig indicou ainda dois nomes técnicos e de reconhecida capacidade operacional: José Humberto de Castro, que foi da Celpe (distribuidora pernambucana), e Evandro Leite, ex-superintendente de geração e transmissão da estatal mineira. Segundo comunicado da Light, João Batista Zolini Carneiro assume como vice-presidente executivo e de Relações com Investidores, interinamente, em substituição a Ronnie Vaz Moreira.

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