quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Diário do Comércio e Indústria

Mercado prevê que tarifa de energia terá reajuste de 22%
SÃO PAULO - A tarifa da energia elétrica irá subir 22% independentemente da decisão que o governo federal tomar quanto a reversão dos ativos e a renovação das concessões dos ativos do setor que terá seu vencimento a partir de 2014 e pico em 2015. Essa é a conclusão de um estudo da PSR Consultoria que apresentou os números desse ensaio em um fórum promovido pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib) e pelo Centro de Treinamento e Estudos em Energia (Ctee), em São Paulo para discutir o assunto que tem preocupado os agentes desse setor.Segundo Mário Veiga, consultor da PSR, o valor inicial da tarifa atualmente seria de R$ 40 MWh apenas com o custo da energia gerada, sobre esse valor ainda deve ser incluído o lucro das empresas que ficarem com esses ativos. "O aumento projetado para 2015 nos leilões de energia existente é de R$ 26 MWh e o preço de abertura de leilão em R$ 117 MWh, isso pela entrada em operação de usinas termoelétricas no sistema", explicou ele. "Nos três cenários que traçamos o aumento de energia está claro que acontecerá, pois ainda sobre o valor há a incidência da taxa de transmissão (Tust) e os encargos. O problema é que a energia já está em um nível muito alto", afirmou.O cenário se mostra nebuloso quando se avalia qual é a parcela do setor elétrico que será afetado pelo fim dos contratos e da indefinição nas regras. De acordo com o levantamento da Advocacia Waltenberg, o conjunto do setor elétrico que faz parte do imbróglio que perdura desde 1995 engloba cerca de 20% de toda a capacidade de geração brasileira com 21,7 mil MW, 82% das linhas de transmissão, cerca de 73 mil quilômetros, e 37 concessionárias que respondem por 33% do mercado cativo. A Chesf corre o risco de perder 90% de seus ativos e ficar somente com a usina de Sobradinho.Para o presidente da Abdib, Paulo Godoy, o maior problema é a instabilidade regras que a disputa pode gerar e não se deve ser feita nova licitação ou prorrogados os contratos. Além disso, ele defende a definição quanto a reversão dos ativos para que a manutenção da liquidez da empresa que demonstrar interesse em não renovar sua concessão.Leilão de hojeDe olho nessas discussões, o presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Jr., disse ser favorável a uma nova licitação para os ativos que vencem em 2015, porém ele desconversou sobre quais seriam as usinas que a empresa paulista cobiça. "São todas usinas boas, com os melhores aproveitamentos, mas não estamos olhando para nenhuma delas", comentou. Para o leilão de hoje, o A-3, para venda de energia a partir de 2012, o presidente da CPFL disse que a empresa entrará com apetite moderado. "Vamos comprar, não importa o preço, mas o volume não será tão expressivo por ser apenas uma composição de portfólio", explicou o executivo.Ferreira Jr. afirmou ainda que para o leilão da usina de Belo Monte (11,2 mil MW), a empresa pretende participar com 20% de participação em um grupo privado. Dentre as possíveis sócias, estariam a Neoenergia além de uma participação de subsidiárias da Eletrobrás. "Igual às usinas do Madeira, entendemos que é essencial a presença da Eletrobrás de forma direta ou indireta pela magnitude do projeto que deve chegar a R$ 25 bilhões", disse ele, que completou ao afirmar ainda que mesmo o valor que o governo afirma que sairá a obra, cerca de R$ 17 bilhões, é muito alto e que por isso é necessária a participação de outras empresas. As geradoras Tractebel e Cemig e as construtoras Andrade Gutierrez, Camargo Correa e Odebrecht também devem entrar em sociedades para disputar o certame, o que pode afastar o receio do governo de existir apenas um concorrente à maior hidroelétrica 100% brasileira.Para Godoy, a preocupação quanto a Belo Monte é o atraso das discussões e das licenças para o leilão e a sua transferência para o ano que vem. "Há essa possibilidade de adiamento de Belo Monte para 2010, mas a intenção de realizar ainda este ano está mantida, a não ser que algo extraordinário aconteça", comentou ele.

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